Entrevista: Rafael Buarque Montenegro

10:34:00

Semana passada eu publiquei aqui no blog uma resenha do livro "As Crônicas de Pindorama: Piná e o Despertar da Escuridão" e hoje, eu trouxe pra vocês uma entrevista que fiz com o autor, o Rafael Buarque Montenegro, que foi um amor me respondendo algumas perguntas sobre o livro dele!

Vamos as perguntas!
Blog: Você sempre teve gosto pela leitura e escrita?

Rafael: Pela leitura, sim, desde sempre. Foi minha mãe que me alfabetizou, e desde que aprendi, sempre podia ser visto com um livro na mão. No começo eram aqueles livros cheio de figuras e pouco texto, mas depois as figuras foram sumindo e os livros foram ficando maiores. Sempre fui apaixonado por livros, apesar de no Ensino Médio esse hábito ter diminuído um pouco, sempre gostei de ler e procurei ler bastante. Quanto a escrita, nunca me imaginei um escritor. Sério. Por vezes os professores elogiavam as minhas redações e textos, mas nunca achei que podia transformar as coisas que eu escrevia num livro. Nunca quis ser escritor, na verdade, mesmo depois de escrever meus primeiros textos e poemas, em 2009. Queria ser diplomata, advogado, empresário. Mas a escrita foi se forçando aos poucos sobre mim e no final ela acabou vitoriosa. 

Blog: O que te inspirou a escrever "As Crônicas de Pindorama; Piné e o Despertar da escuridão"?

Rafael: Bom, essa é uma boa pergunta. As primeiras coisas que escrevi não tinham nada a ver com literatura fantástica. Sério, absolutamente nada. Aliás, como eram coisas sobre religião, talvez tivesse um pouco de fantasia no meio (risos). Enfim, escrevia literatura religiosa, devocional, e depois poesia. Isso em 2009. Só vim pensar em escrever ficção fantástica em 2013, já no final do ano. Eu queria escrever uma obra de fantasia, mas queria que ela fugisse um pouco das temáticas clichês. Monstros estrangeiros, releituras de Tolkien, essas coisas. Pensei em criar um universo próprio, com um lugar inspirado no Brasil. Ia-se chamar Pasárgada, em homenagem ao poema de Manoel Bandeira. Alguns personagens de Pindorama já existiam nesse outro universo. Por fim, achei que faria mais sentido passar a história no Brasil e apresentar nosso folclore para os leitores. Foi quando comecei a pesquisa. Isso me motivou, queria passar algo novo para os leitores. Mostrar que nós, brasileiros, temos uma mitologia tão incrível e especial quanto qualquer outro povo. 

Blog: Quando você começou a escrever profissionalmente? 
Rafael: Mesmo tendo começado a escrever em 2009, publicado um livro em 2011 e outro no primeiro semestre de 2013, só considero profissional meu trabalho de 2014 para cá. Foi quando decidi trabalhar para viver exclusivamente da minha escrita. Ainda está difícil, é um longo caminho a ser percorrido, mas acredito que posso chegar lá. Tenho que acreditar, né? \o/

Blog: Você teve alguma dificuldade durante a produção do livro? Se sim, como superou isso?
Rafael: Acho que a principal dificuldade que enfrentei foi a parte financeira. Não é fácil ser escritor no Brasil. Durante o processo de escrita, onde houveram momentos de dedicação exclusiva ao trabalho, tive sorte de contar com uma bolsa da faculdade. Eu fazia parte de um projeto de extensão que estava em recesso, mas mesmo assim recebia a bolsa. Então consegui me dedicar por dois meses interruptos ao processo de escrita. Eu vivia, respirava, As Crônicas de Pindorama. A parte da publicação foi a mais complicada. Publicar um livro físico no Brasil exige muitos custos. Diagramação, arte da capa, impressão, revisão ortográfica. Conversei com meus pais, que compraram a ideia. Mas como não tínhamos grana, o jeito foi vendermos a casa. E assim foi feito, vendemos nossa casa, voltamos a morar de aluguel, e a primeira edição das Crônicas de Pindorama foi impressa.


Blog: Em algum momento você já pensou em desistir do livro enquanto o escrevia?Rafael: Não. Nenhum. (Acho que essa é a resposta mais sucinta.) (risos)


Blog: De onde você tirou a ideia de escrever um livro voltado a época do Brasil pré e pós colonial?Rafael: Eu sempre gostei de história, sempre. Costumo dizer que quando a professora do primário ensinava os nomes dados ao Brasil, o único que fixou em minha mente foi Pindorama, a terra das palmeiras. Não sou um profundo conhecedor do assunto, um especialista, mas sempre gostei de ler a respeito do Brasil, dos índios. Quando comecei a pensar em escrever uma fantasia, minha cabeça rodou, rodou, mas acabou parando nisso. Achei que seria interessante para o leitor conhecer não só a mitologia do Brasil, mas também um pouco da história, do modo de vida, dos costumes. Procurei pesquisar para promover uma leitura mais imersiva para o leitor. E, claro, era algo que eu sentia falta no universo da literatura fantástica brasileira.


Blog: Após a publicação do livro, você já pensou em outros finais para Annabel?Rafael: É engraçado, pois a ideia da história foi se desenvolvendo em minha mente nos primeiros meses de trabalho. Hoje eu tenho todo o escopo da história definido. Tudo o que Annabel irá viver. Porém, existem outros personagens que ainda não foram definidos e também alguns acontecimentos estão em aberto. Isso aconteceu no primeiro livro, por exemplo. Fernão era um personagem totalmente diferente na primeira versão da história, e posso garantir que ele ganhou uma grande importância no decorrer da trama. Então, às vezes, você acha que é melhor seguir por determinado caminho, mas a medida que vai escrevendo a própria história mostra pra você que o caminho é outro. E quando isso acontece é melhor obedecer. (risos)


Blog: Como foi visitar os lugares onde se passa a história?
Rafael: Eu já conhecia esses locais, pois a história se passa primordialmente no meu estado (Paraíba) e no estado vizinho de Pernambuco, que também conheço um pouco. Então, na verdade, acho que o fato de conhecer esses locais foi que me ajudou e me inspirou a escrever. De toda forma, é muito legal voltar aos locais depois de ter escrito o livro, e ficar imaginando as cenas da história, e o que cada personagem estaria fazendo. Um lugar que gosto particularmente é a Fortaleza de Santa Catarina, ou Forte de Cabedelo, na foz do Rio Paraíba. Gosto de imaginar o que Annabel teria pensado ao passar por ali a primeira vez. 

Blog: Você ficou satisfeito com o resultado final do livro? 
Rafael: Acho difícil um escritor ficar 100% satisfeito com o resultado final de uma obra. Dizem que o escritor publica para deixar de revisar. Acho que isso é verdade, acabamos nos tornando muito perfeccionistas com nossas obras. O que posso dizer é que a versão final de As Crônicas de Pindorama - Piná e o Despertar da Escuridão me deixou muito feliz como autor, pois percebi um crescimento no meu trabalho e que estou percorrendo o caminho certo, e isso foi muito importante pra mim. 


Blog: Você já começou a trabalhar nos próximos livros? 
Rafael: Já. (outra resposta sucinta) Bom, a história de Annabel será contada em 3 livros, Piná e o Despertar da Escuridão, Nhanderuvuçu e a Grande Noite e Jurupari e a Alvorada dos Homens. Planejo escrever os dois últimos juntos, de uma vez, e já estou trabalhando nisso. 

Vou deixando aqui pela milésima vez um agradecimento ao Rafael, que me deu total atenção a responder minhas perguntas, e foi um amor em aceitar meu pedido! E quem ainda não viu a resenha do livro do Rafael, ou quer saber o contato dele e mais sobre seu trabalho, é só clicar aqui ! Bjs.


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